Chrysobalanaceae

Licania miltonii Prance

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2018. Licania miltonii (Chrysobalanaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

DD

EOO:

12.612,761 Km2

AOO:

12,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018), foi registrada nos estados do ACRE, município Brasiléia (Lima 196); MATO GROSSO, município Juína (Silva 4296).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria: DD
Justificativa:

Árvore de até 10 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Conhecida popularmente por macucu, a espécie foi coletada em Floresta de Terra Firme e Floresta Ombrófila Densa associada a Amazônia nos estados do Acre e Mato Grosso. A espécie é pouco representada em herbários e pouco se avançou em relação ao conhecimento disponível desde sua descrição formal. Além disso, sabe-se que extensas áreas ainda em estado primitivo de conservação e pouco inventariadas botanicamente predominam na região em que a espécie foi documentada. Diante da carência de dados geral, a espécie foi considerada como Dados Insuficientes (DD) neste momento, uma vez que o conjunto de informações disponíveis não possibilitou uma avaliação de risco de extinção robusta. Assim, demanda-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) urgentes que possibilitem uma reavaliação de seu risco de extinção no futuro à luz de novas e precisas informações.

Último avistamento: 1991
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em: Acta Amazonica 13(1): 24, 26–28, f. 4. 1983. Nome vernáculo Macucu (Lima 196).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore de 10 m de altura (Silva 4684) que habita a Amazônia, na Floresta de Terra Firme e na Floresta Ombrófila (Floresta pluvial) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018).
Referências:
  1. Licania in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB22462>. Acesso em: 05 Nov. 2018

Reprodução:

Detalhes: Licania miltonii é uma espécie hermafrodita. A espécie foi registrada com flores em: dezembro (Lima 196a) e janeiro (Silva 4296) Foi registrada com frutos em maio (Silva 4684).
Fenologia: flowering (Dec~Jan), fruiting (May~May)
Sistema sexual: hermafrodita

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
Os centros de desmatamento de alta intensidade situados na Amazônia foram deslocados do tradicional Arco do Desmatamento brasileiro para a Bolívia, o Peru e a região Nordeste da Amazônia. Foi verificado ainda um aumento acentuado no desmatamento em pequena escala, parcialmente compensando os declínios relatados anteriormente. Os eventos pequenos de desmatamento se espalharam por toda a Amazônia nos últimos anos, mesmo em áreas protegidas. Em conjunto, esses resultados aumentam a percepção sobre novas formas de ameaças incidentes na Amazônia e apresentam novos desafios para a conservação das florestas dessa região (Kalamandeen, 2017). Os municípios Brasiléia (AC) e Juína (MT) onde ocorre a Licania miltonii encontram-se na região conhecida como Arco do desmatamento (Lapig, 2018).
Referências:
  1. Kalamandeen, M.; Gloor, E.; Mitchard, E.; Quincey, D.; Ziv, G.; Spracklen, D.; Spracklen, B.; Adami, M.; Aragão, L.E.O.C.; Galbraith, D., 2017. Pervasive Rise of Small-scale Deforestation in Amazonia. Scientific Reports, 8:1600.
  2. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 5 de novembro 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 4.1 Roads & railroads habitat past,present,future national high
Fernside (2015) argumenta que as estradas atuam como impulsionadoras do desmatamento, atraindo trabalhadores migrantes e investimentos para áreas de floresta anteriormente inacessíveis dentro da Amazônia. Segundo o autor, o desmatamento é então estimulado não apenas por estradas que aumentam a lucratividade da agricultura e da pecuária, mas também pelo efeito das estradas (acessibilidade) na especulação de terra e no estabelecimento de posse de terras. As principais estradas são acompanhadas por redes de estradas laterais construídas por madeireiros, mineiros e posseiros. O desmatamento se espalha para fora das rodovias e suas estradas de acesso associadas. As rodovias também fornecem caminhos para a migração de fazendeiros sem terra e outros, gerando assim o desmatamento em áreas adjacentes. As estradas principais estimulam a construção de estradas secundárias que fornecem acesso a regiões distantes da rota principal da rodovia. Um exemplo importante é a reconstrução planejada da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho). Estradas laterais abririam o grande bloco de floresta intacta na parte oeste do estado do Amazonas, que incluia vastas áreas de terras públicas - a categoria mais vulnerável à invasão por grileiros e posseiros (Fernside e Graça, 2006).
Referências:
  1. Fearnside, P.M., 2015. Highway construction as a force in destruction of the Amazon forest. pp. 414-424 In: R. van der Ree, D.J. Smith & C. Grilo (eds.) Handbook of Road Ecology. John Wiley & Sons Publishers, Oxford, UK. 552 pp.
  2. Fearnside, P.M., Graça, P.M.L.D.A., 2006. BR-319: Brazil’s Manaus-Porto Velho Highway and the potential impact of linking the arc of deforestation to Central Amazonia. Environ. Manage. 38, 705–716.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present,future national very high
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da agroindústria, pecuária extensiva, infraestrutura rodoviárias e hidrelétricas, mineração e exploração madeireira (Charity et al., 2016). O aumento do desmatamento entre 2002-2004 foi, principalmente, resultado do crescimento do rebanho bovino, que cresceu 11% ao ano de 1997 até o nível de 33 milhões em 2004, incluindo apenas aqueles municípios da Amazônia com florestas de dossel fechado compreendendo pelo menos 50% de sua vegetação nativa (Nepstad et al., 2006). Segundo Nepstad et al. (2006) a indústria pecuária da Amazônia, responsável por mais de dois terços do desmatamento anual, esteve temporariamente fora do mercado internacional devido a presença de febre aftosa na região. Contudo, o status de livre de febre aftosa conferido a uma grande região florestal (1,5 milhão de km²) no sul da Amazônia seja, talvez, a mudança mais importante que fortaleceu o papel dos mercados na promoção da expansão da indústria pecuária na Amazônia (Nepstad et al., 2006).
Referências:
  1. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon soy and beef industries: opportunities for conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603.
  2. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D. and Stolton, S. (editors), 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat past,present,future national very high
Segundo Fearnside (2001), a soja é muito mais prejudicial do que outras culturas, porque justifica projetos de infraestrutura de transporte maciço que desencadeia outros eventos que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além do que já é diretamente usado para o seu cultivo. Em função do cultivo de soja a agroindústria nacional se interiorizou, a fronteira agrícola, a avicultura e suinocultura expandiram, novas fronteiras foram abertas e cidades fundadas no interior, surgindo como um novo fator responsável pela destruição da floresta (Domingues e Bermann, 2012). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Domingues e Bermann, 2012; Vera-Diaz et al., 2008). Um conjunto de fatores que influenciou o mercado nacional e internacional, por meio de um processo de globalização, combinado com a crescente demanda por soja, baixos preços das terras e melhor infraestrutura de transporte do sudeste da Amazônia levou grandes empresas de soja a investir em instalações de armazenamento e processamento na região e, consequentemente, acelerou a taxa na qual a agricultura está substituindo as florestas nativas (Domingues e Bermann, 2012; Nepstad et al., 2006; Vera-Diaz et al., 2008).
Referências:
  1. Fearnside, P.M., 2001. Soybean cultivation as a threat to the environment in Brazil. Environ. Conserv. 28, 23–38.
  2. Vera-Diaz, M. del C., Kaufmann, R.K., Nepstad, D.C., Schlesinger, P., 2008. An interdisciplinary model of soybean yield in the Amazon Basin: the climatic, edaphic, and economic determinants. Ecol. Econ. 65, 420–431.
  3. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon soy and beef industries: opportunities for conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603.
  4. Domingues, M.S., Bermann, C., 2012. O arco de desflorestamento na Amazônia: da pecuária à soja. Ambient. Soc. 15, 1–22.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada na Reserva Extrativista Chico Mendes (Lima 196).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.